sexta-feira, 9 de julho de 2010

Invenção e evolução da imprensa* - PARTE I


A invenção  da imprensa confere ao homem o seu primeiro grande meio de comunicação, proporcionando a preservação e a divulgação em larga escala do conhecimento humano, até então limitado a um número restrito de privilegiados .

Os Chineses foram os precursores da invenção da imprensa ao criarem as primeiras formas de reprodução. O mais antigo livro conhecido é uma xilogravura Chinesa, o Sutra Diamante, datada de 868 d.C.

No entanto foi na Europa, em meados do século XV, e sem qualquer prova de que as descobertas Chinesas tivessem tido alguma influência, que se inventou a imprensa tipográfica.

Anteriormente, ao longo dos séculos, a comunicação entre os homens limitava-se  ao poder da voz humana, às primeiras formas de escrita experimentadas em suportes diversificados, como a madeira, o papiro, a seda e o pergaminho.

É sobre o pergaminho que o Ocidente vai começar a ler, enquanto na China o papel irá substituir a seda e a casca de bambu.

Na Idade Média, o livro tornou-se uma obra de arte com as suas belas encadernações em couro, marfim, prata, bronze, tecidos bordados ou adamascados, etc. No texto a caligrafia e a pintura unem-se para produzir as iluminuras.

No entanto, a divulgação do livro era pequena, visto o trabalho do copista ser moroso, o que tornava o livro dispendioso. Além disso, era impossível evitar os erros, resultantes das falhas dos copistas.

Raras e geralmente pequenas, dificilmente contendo mais do que 500 volumes, muitas vezes acorrentados às  estantes para não serem roubados. 

A invenção da tipografia, cerca de 1438, caracterizou-se pela introdução de alguns factos que lhe justificam o carácter inovador: a adopção das matrizes metálicas que permitiram a fácil multiplicação dos caracteres tipográficos e do molde de fundição dos mesmos; a utilização da prensa, embora esta constituísse uma adaptação da então usada para o azeite e o vinho.

A invenção da tipografia é atribuída a Johann Gutenberg, alemão, de Mogúncia, que fez as suas primeiras experiências em Estrasburgo por volta de 1436.

Das primeiras obras impressas por Gutenberg destaca-se a monumental  Bíblia de 42 linhas, obra mestra de prototipografia.

Nos anos seguintes, a imprensa surge noutras cidades levada pelos pioneiros da tipografia, os prototipógrafos, na sua maioria discípulos de Gutenberg.

Houve uma pressão para a urgência da invenção de Gutenberg:
·      A autoridade central necessita de um instrumento de rápida difusão de mensagens e diretivas;
·      A burguesia precisa de uma difusão larga de conhecimentos e de uma troca de informações sobre os assuntos do comercio;
·      Ao renascimento humanístico da cultura fazem falta universidades, debates, livros etc.

Gutenberg, foi o homem que colocou à disposição da sociedade o sistema de reprodução mecânica da escrita no preciso momento em que a sociedade mais necessitava dessa invenção.

No entanto, existiram algumas vozes contraditórias e Marshal McLuhan foi uma delas. Para ele a inovação dos tipos moveis de Gutenberg, forçou o ser humano a compreender de forma linear, uniforme, concatenada e continua. A mobilidade do livro “foi como uma bomba de hidrogênio” cuja conseqüência foi o surgimento de um “entorno inteiramente novo”.

A ansiedade dos tipógrafos em alargar o mais possível o mercado deu um grande impulso ao desenvolvimento das línguas vernáculas. Pela primeira vez, estas línguas eram permanentemente passadas ao papel, já que os manuscritos raramente estavam escritos em vernáculo.

As línguas que não passavam de dialectos de outra começaram a ser aceites como independentes desde que adoptadas pelos tipógrafos. Por exemplo, um dialecto do alemão falado na Holanda foi reconhecido pelos tipógrafos em Amesterdão e, portanto, transformado no holandês. Este processo tinha sobretudo lugar quando uma língua vernácula havia sido usada para tradução da Bíblia.
   
Um negócio arriscado
A tipografia era, porém, considerada pelos chefes da Igreja e dos Estados europeus como uma ameaça potencial à sua autoridade. Os tipógrafos produziam obras de ataque ao poder estabelecido –e  publicavam-nas para um número ilimitado de pessoas. Foi assim  que os partidários da Reforma protestante começaram espalhar as suas ideias por intermédio de Lutero na Alemanha e de Calvino na Suíça .

Muitos tipógrafos tiveram de enfrentar  riscos consideráveis . No século XVI , a Inquisição Italiana arvorou-se em censora de livros. Em França, o mártir é Étienne  Dolet, queimado em 1546 como herético e ateu.

A Inglaterra foi o primeiro país a abrandar o controle sobre os tipógrafos, pondo termo em 1695 à lei que regulava as suas actividades . Mas o passo mais importante foi dado em 1791 , com a Primeira  Emenda à Constituição Americana, proibindo qualquer lei que limitasse a liberdade de imprensa.

Mais de 300 anos de progresso no registo e disseminação dos conhecimentos universais

Desde os tempos mais recuados os Chineses usavam carimbos ou selos gravados com nome ou a actividade da pessoa e geralmente ornados com desenhos.

O Chinês Tsai Lun (inventor), ministro da Agricultura, apresentou ao seu imperador um relatório sobre o fabrico do papel à base de casca de amoreira, cânhamo, trapos e velhas redes de pesca. Antes disso, os Chineses escreviam na seda e na casca de bambu.

As grandes dificuldades de comunicação impediram durante cerca de sete séculos a expansão desta maravilhosa invenção, exceptuando no Japão, onde era conhecido em 611, bem como nas terras dependentes do Império Chinês.

Os Árabes acabaram por ter grande importância na difusão do invento, pois receberam-no dos chineses aprisionados na batalha de Samarcanda, em 712, aquando da conquista da Pérsia.

868 : O primeiro livro impresso conhecido
A xilografia (ou impressão tabular), é a arte de gravar imagens e letreiros em relevo na madeira para posterior impressão. Representou o desenvolvimento natural da impressão de uma simples assinatura com um carimbo, sendo já usada na China desde o século VI e na Europa a partir do século XII.

O primeiro livro conhecido estampado com gravuras de madeira é uma secção das escrituras Budistas conhecida por Sutra Diamante , impressa em 11 de Maio de 868 por Wang-Chieh.

1040-1048: Invenção dos caracteres móveis
Os caracteres móveis foram inventados na China pelo alquimista Pi Sheng. Em vez de gravar uma página completa, Pi Sheng reuniu caracteres individuais representando cada um uma palavra na escrita chinesa, e formou assim frases e páginas inteiras. Os caracteres feitos de argila cozida eram previamente moldados sobre uma estrutura de ferro e fixados com uma cola especial. Por volta de 1221, aparecem os caracteres móveis de madeira, depois os de cobre e, finalmente os de bronze em 1390.

1390: A primeira fundição de tipos
A primeira fundição de metálicos conhecida foi instalada na Coreia, por ordem do Rei Ts`ai Tsung, em 1390.

Os caracteres de metal duravam mais que os de madeira, mas, como cada um representava uma palavra diferente, era necessário um número considerável para a formação de todas as frases.

Johannes Genesfleisch (Mogúncia, 1394/1400-1468)  adoptou o apelido de Gutenberg do nome de uma herdade de família. É tido como o inventor da tipografia, isto é , da impressão com caracteres móveis agrupados. A maior inovação de Gutenberg residiu na criação de moldes manuais para a fundição de letras soltas de chumbo.

Na invenção de Gutenberg, praticamente inalterada até ao século XIX, era gravado um punção em metal duro para cada letra. Desse punção obtinha-se uma matriz de latão que se adaptava a uma estrutura  ajustável que controlava  a largura e a altura do tipo. Permanecem dúvidas sobre os materiais utilizados por Gutenberg, mas crê-se que os primeiros punções eram de bronze. Só mais tarde, por volta de 1475-1480, aparecem os punções de aço a originarem matrizes de cobre. O metal utilizado na fundição dos caracteres era uma liga de chumbo e antimónio e, mais tarde, estanho.

1450-1452: Os primeiros livros impressos por Gutenberg
Aponta-se genericamente a data de 1450 como a do início da comercialização da tipografia. A Bíblia de 42 linhas, começada em 1453, tem sido considerada como o primeiro livro impresso em caracteres móveis na Europa.

A  definição das obras impressas por Gutenberg e a respectiva  ordem cronológica oferecem vastas dúvidas. Os eruditos são quase unânimes em atribuir o Julgamento do Mundo, as três edições de Donato e o calendário astronómico à oficina experimental de Gutenberg, antecedendo, assim, a bíblia de 42 linhas.

A prensa, outra das inovações de Gutenberg, era uma adaptação da vulgar prensa de parafuso para o azeite e vinho. As páginas eram colocadas no leito da prensa e apertadas, formando a forma impressora.

O ano de 1457 é um dos mais notáveis na história de cinco séculos de tipografia. Com efeito, foi nesse ano, em Mogúncia , que Johann  Fust e Peter Schoffer, antigos sócios de Gutenberg, dão a lume a edição do famoso Saltério. É o primeiro livro impresso datado e assinado. É, para além disso, o primeiro livro a fazer uso da cor (vermelho e azul ) na impressão das suas belas letras iniciais ornamentadas. Anteriormente, a cor era inserida manualmente depois da impressão.

1461: O primeiro livro tipográfico ilustrado 
A  xilogravura e os tipos móveis foram combinados pela primeira vez em 1461 num livro de fábulas em alemão intitulado Der Edelstein, escrito em 1349 por Ulrich Boner.  O volume foi ilustrado em 101 xilogravuras e impresso por Albrecht Pfister, tipógrafo alemão, provavelmente antigo colaborador de Gutenberg, que se estabeleceu em Bamberga (a segunda cidade alemã a possuir oficina tipográfica) por volta de 1460.

1470: Nicolas Jensen cria os caracteres romanos
Os caracteres romanos foram criados por Nicolas Jensen, gravador francês, encarregado em 1458, pelo rei Carlos VII de França, de visitar Mogúncia para aprender os segredos da arte de imprimir. Ao voltar, três anos mais tarde, encontrou no trono Luís XI, que não lhe deu apoio algum. Resolveu expatriar-se, e em 1469 estabeleceu-se em Veneza, onde, com o auxílio de Jacques le Rouge, emprega um ano mais tarde os seus caracteres romanos (representavam uma inovação na apresentação de textos) na obra de Cícero Epistolae ad Brutum.
  
1477: A introdução da gravura em talha
O primeiro livro conhecido de mapas impressos, a Cosmographia de Ptolomeu, foi estampado em 1477 por Domenico de Lapi, utilizando um processo de gravação conhecido por gravura em talha e mais correntemente designado por talha-doce, ou talha-forte. É um processo de gravura em relevo sobre chapa de metal (cobre ou aço) executada manualmente. A imagem é gravada com buril e depois espalha-se a tinta sobre a superfície da chapa, a qual fica depositada nas áreas cavadas. A chapa é depois comprimida sobre  papel macio, o qual recebe a tinta armazenada nos entalhes, formando assim a imagem. Este processo é ainda hoje utilizado para a produção de notas de banco e de outros documentos valiosos, pois é difícil de copiar e produz resultados facilmente reconhecíveis.

1501: Francesco Griffo cria os caracteres cursivos, aldinos ou itálicos
Fancesco Griffo, abridor de letras, natural de Bolonha, mudou-se para Veneza em 1494, onde trabalhou para Aldo Manuzio como encarregado da gravação e fundição de caracteres. Em 1501, criou o tipo designado por cursivo, aldino ou itálico, em homenagem ao seu país. Griffo miniaturizou-o em 1516 para que fosse utilizado nos primeiros livros de formato de bolso, uma série de obras clássicas publicadas em latim e italiano com que Aldo Manuzio revolucionou o conceito até então seguido de produzir livros com grandes e pesados fólios para que se assemelhassem aos manuscritos.

1620: Impressão mais rápida e fácil
A primeira alteração significativa à estrutura da prensa de Gutenberg surgiu em 1620, levada a efeito por Willem Janszoon Blaeu, tipógrafo, cartógrafo e matemático holandês. O aperfeiçoamento baseou-se na junção de um mecanismo que levantava automaticamente a platina (quadro de ferro revestido da almofada que nas impressoras planas exerce pressão contra a forma) após cada impressão. Permitiu reduzir de forma considerável o esforço físico do tipógrafo e aumentar substancialmente a produção horária para 150 exemplares, número que permaneceu inatingível durante quase dois séculos.

1642: O processo «mezzotinto» (ou à maneira negra)
Ludwig Von Siegen, gravador de Utreque natural de Hesse, Alemanha, inventou o processo mezzotinto, mais conhecido por processo de gravura à maneira negra. Foi o primeiro processo de gravura que permitiu a impressão de tons graduados. A imagem é gravada numa chapa de cobre ou aço, previamente granida com berçô (instrumento usado pelo gravador) de modo a reter a tinta. Antes de a tinta ser aplicada, o gravador alisa selectivamente com o brunidor as áreas da superfície que na imagem terão tons cinzentos ou brancos. Devido ao facto de apresentar variações suaves de tons, sem a utilização de traços ou linhas negras como na gravura em madeira, a sua aplicação generalizou-se à reprodução de obras de arte.

1719: Introdução da «cor total» na impressão
Um processo de impressão a cores com base no princípio do mezzotintofoi patenteado em 1719 por Jakob Christof Le Blon, miniaturista e gravador, nascido em Frankfurt, Alemanha, em 1667. Le Blon inspirou-se na descoberta de Isaac Newton, usando inicialmente chapas com as sete cores resultantes da decomposição do espectro solar. Mais tarde, limitou o número de chapas às três cores fundamentais: o vermelho o amarelo e o azul, e, por vezes, outra para o preto. Hoje, com os progressos da física da luz, os impressores utilizam as cores magenta, preta, amarela e cyan.

1727: A estereotipia permite moldar e multiplicar as páginas 
Em 1727, William Ged, ourives de Edimburgo, inventou a técnica da estereotipia, possibilitando a múltipla reprodução de uma página de tipos móveis através da execução prévia de um molde. Antes de Ged, o compositor tinha de, executar quando, páginas idênticas de um mesmo trabalho.

Ged utilizou um composto de gesso para a moldagem da forma e produziu uma matriz da mesma. A partir dessa matriz, fundia as páginas (clichés) em metal, chumbo e antimónio para a impressão.

Em 1795, o francês Firmin Didot, célebre editor, criador e fundidor de tipos, idealizou um processo de estereotipia, e no ano seguinte, com a colaboração de Louis-Étienne Heshan, construiu uma matriz com caracteres gravados em cobre e compostos como uma página ordinária, em que introduziu a liga de metal.

Lord Charles Stanhope, estadista inglês, estudioso e filantropo, introduziu importantes melhoramentos na técnica da estereotipia em 1802. Em 1829, utilizou-se pela primeira vez a pasta de papel, que permitiu a execução dos clichés para as rotativas cilíndricas que se desenvolveram a partir de 1861. Outra contribuição importante foi dada por Lottin de Laval, escritor, escultor, pintor e químico francês, criando em 1845 a lotinoplastia, processo de estereotipia com matriz de papelão.

1775: Uniformização das medidas
Decorreram quase três séculos sobre a invenção de Gutenberg sem que os fundidores se preocupassem muito com a falta de uniformidade das medidas na altura e corpo dos tipos que produziam.

Pontos importantes na tentativa de sistematizar e uniformizar a medida e o material foram defendidos pelo tipógrafo e livreiro francês Martin-Dominique Fertel, a quem se atribuiu a criação de um tipómetro ou aparelho análogo cerca de 1730. Outra contribuição importante foi dada pelo fundidor, tipógrafo francês Pierre-Simon Fournier, que estabeleceu o ponto tipográfico, ou seja a unidade de medida que serve para a determinação da força do corpo de caracteres. O ponto Fournier era equivalente a 0,350 mm.

Finalmente, em 1775, François Ambroise  Didot, nascido em 1730 no seio de uma família de tipógrafos, gravadores, editores, papeleiros e eruditos franceses, alterou o ponto Fournier, tomando por base a linha de pé-de-rei (medida de comprimento da época, equivalente a 0,352 m ). O ponto Didot equivale a 0,376 mm e utiliza-se em quase todos os países, exceptuando os de expressão inglesa.

1796: A invenção da litografia
Alois Senefelder, natural de Praga, inventou a litografia cerca de 1796, tendo dois anos mais tarde construído um prelo adequado ao processo litográfico, então ainda chamado de impressão química .

É um processo de reprodução gráfica em que a matriz impressora apresenta os elementos a reproduzir no mesmo nível do suporte. O primeiro suporte utilizado foi a pedra calcária, factor determinante na derivação da futura denominação do processo

A evolução da litografia teve um novo impulso com o aparecimento, em 1853, da fotolitografia, que permite a transferência da imagem para a pedra ou o zinco com o auxilio da fotografia .

1800:A prensa metálica de Stanhope
A primeira prensa metálica foi criada em 1800 por Lord Stanhope.
Na prensa de  ferro de Stanhope, a platina continuava a comprimir o papel sobre a forma impressora, mas um sistema de alavancas aumentava consideravelmente  a força. Imprimiam-se, portanto, mais folhas (cerca de 250 por hora ), e a qualidade de reprodução foi enriquecida pela uniformidade da pressão na tiragem.

1810: A impressora a vapor
Friedrich Konig, nascido em 1774 em Eisleben,Saxónia, patenteou uma impressora movida a vapor em 1810. Desde 1807 a trabalhar em Londres, Konig cujo génio mecânico haveria de encontrar mais tarde soluções revolucionárias para o encaminhamento e tiragem da folha, tirou partido na criação da sua impressora da invenção da máquina a vapor por James Watt em 1775. A sua máquina  caracterizava-se por ser essencialmente um mecanismo de pressão manual, mas que incluía, para além do funcionamento a vapor, uma novidade importante: dois rolos móveis que aplicavam a tinta sobre a forma impressora, voltando depois ao seu lugar dando azo à colocação do papel sobre a forma. A máquina, da qual se construiu um só exemplar, imprimia 400 folhas por hora, quase o dobro, portanto, das prensas normais.

1812: A impressora Konig aperfeiçoada pelo cilindro
Konig aperfeiçoou a sua impressora a vapor em 1812, abandonando o velho méyodo aplicado até então: forma plana contra folha plana. Konig, trabalhando com outro alemão, André F. Bauer, introduziu um movimento rotativo para a tintagem  e a pressão da folha contra a forma impressora, sincronizando o movimento desta com a rotação de um cilindro que transportava o papel. O primeiro modelo comercializado foi adquirido pelo editor do jornal The Times, John  Walter II, que classificou a máquina como «o maior progresso ligado á tipografia desde a descoberta da própria arte» . A velocidade podia atingir os 1100 exemplares por hora . Em 1816 , Konig criou uma máquina que imprimia de ambos os lados do papel na mesma operação (a chamada máquina de retiração) .

1846: A rotativa permite imprimir a alta velocidade
A primeira impressora rotativa que teve êxito foi patenteada por Richard Hoe, de Nova Iorque, em 1845. Hoe não conseguiu ultrapassar algumas limitações derivadas da fixação da composição em torno da circunferência de um grande cilindro.

Em 1861, Hoe adoptou os estereótipos curvos feitos em moldes de pasta de papel a fim de obter uma matriz de impressão perfeitamente cilíndrica. Esta técnica é ainda hoje aplicada nos jornais que utilizam os processos tipográficos na sua execução .

1967: Composição controlada por computador
A fotocompositora Digiset, construída na Alemanha pela empresa Rudolf-Hell sob esta designação e nos EUA pela RCA com a denominação de Videocomp 70/820 , permitiu um avanço significativo no campo de controle da composição por meio de computador . A Digiset podia ser comandada directamente por computador e indirectamente através de fita perfurada , ou fita magnética.

Em colaboração com a Simens AG , a Hell preparou um computador especial denominado Hellcom, cujo software servia as exigências da fotocompositora. O computador Hellcom e a fotocompositora Digiset formavam um conjunto de elevado grau de automatização e de grande capacidade produtiva. A velocidade da fotocomposição atingia os 1 200 000 caracteres por hora  quando a fotocompositora era comandada por fita perfurada e 2 , 3 e 4 milhões de caracteres/hora quando comandada directamente por um computador . Os caracteres estavam armazenados sob a forma de informação digital e eram delineados no suporte fotossensível (papel ou película ) por intermédio de um tubo de raios catódicos. Depois de revelação do papel ou da película , seguiam-se as operações de montagem e de transporte para a chapa de impressão (geralmente offset).

Na última década continuou a observar-se uma enorme evolução na tecnologia ,sendo hoje possível executar correcções com pesquisa electrónica dos elementos em  fracções de segundos , executar a paginação electrónica em écrans catódicos, encontrar o raio laser aplicado à fotografia dos caracteres e ainda estabelecer complexos sistemas de transmissão à distancia .

O incremento da Imprensa de Massas foi favorecido pelas mudanças sociais, económicas e técnicas que se fizeram sentir aquando da Revolução Industrial. Os trabalhadores deixaram os campos e aglomeraram-se nos centros urbanos, destruindo o conceito tradicional de Família onde as condições de vida eram bastante precárias. A necessidade de algo que Ihes preenchesse o vazio e proporcionasse distracção, entretenimento e orientação moral começa a ser sentida. Por isso, depressa se formam círculos de leitores onde o número de elementos se multiplicava a todo o instante. Esta é uma altura também caracterizada pelo alargamento da formação escolar o que permitiu um maior número de pessoas capacitadas para a leitura. A burguesia, em plena ascensão, conquistou um espaço público e passou a estar presente nas decisões políticas. Isto levou a que, a meados do século XIX, fossem abolidas as disposições gerais da censura, o imposto de selo e quaisquer outros obstáculos que travassem a evolução da Imprensa. 
Dai em diante, as inovações técnicas são tantas e tão rápidas que a redacção dos textos e a estrutura do Jornal deixa de estar nas mãos de um homem só para passar a existir nas instalações secções específicas onde as tarefas estão divididas. A instalação de telefones nas redacções dos jornais e revistas e a reprodução de fotografias que permitiu um vasto conjunto de possibilidades diferentes de configurar, são duas das inúmeras inovações introduzidas na Imprensa. 

Na segunda metade do século XIX atraíam leitores as notícias da bolsa e do comércio; as notícias políticas escaldantes obtidas por meio de reportagens actuais; os romances em episódios que apaixonavam quem lia, estimulando a sua compra regular. As revistas realçadas pelo progresso da fotografia e das técnicas de ilustração conseguiam um sucesso parecido ao dos jornais. Visavam oferecer entretenimento e dar conta dos acontecimentos importantes por meio da imagem. Mas, não eram apenas os jornais e revistas que iam ao encontro das necessidades da população. Em dimensões muito mais limitadas, os livros, reduzidos a livros de bolso, apareciam em 1880 e permitiram o acesso a muitas obras de Literatura e da Ciência. 

A Imprensa, transformada a cada dia que passa, tornou-se numa mercadoria que vai ao encontro dos desejos dos leitores, tentando sempre criar outras necessidades e surpreender as suas expectativas. No entanto, a Imprensa não é apenas um veículo de notícias mas ainda um instrumento eficiente e eficaz que, em muitas partes do mundo, modela a opinião pública em função de interesses económicos e políticos.

*Texto adaptado

Bibliografia consultada
·      Fonte: Mário Keiteris -PY2MXK (Dir. do Depto. de Cursos da LPR)
·      CRATO, Nuno, Comunicação Social A imprensa, Editorial Presença, Lisboa, 1992, 4.ª edição.
·      BULIK, Linda, Na órbita da galáxia de Gutenberg, Communicare – Revista de Pesquisa da Faculdade de Comunicação Social Cásper Libero, Vol. 2 – n.º 2 – 2.º semestre 2002, pag. 27-34.
MONTEIRO, Ana Cristina et all, Fundamentos de Comunicação, Edições Sílabo, Lisboa, 2006, 1.ª edição.

Programa da Disciplina


PROGRAMA ANUAL DA DISCIPLINA DE TECNOLOGIAS E TÉCNICAS DE COMUNICAÇÃO I


Carga horária: 16 horas semanais
Docentes: Dr. Will Bento Tonet e Dr. Lucas Cagiza
Turmas: B1, B2, C1, C2
Destinatários: Estudantes do 2.º ano de Ciências da Comunicação
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I. Introdução
O presente curriculum e programa, é destinado a preparar e trabalhar os conhecimentos dos estudantes relativos aos novos processos tecnológicos que influenciam a comunicação.
Este curriculum e programa, serve de instrumento orientador para os docentes e discentes, relativamente as metodologias, conteúdos e dinâmicas de ensino – aprendizagem da disciplina.

II. Objectivos
· Dotar os estudantes da disciplina de conhecimentos e habilidades relacionadas as novas tecnologias de informação e comunicação, sua evolução e evolventes;
· Treinar os estudantes em técnicas de comunicação, essenciais para qualquer profissional de comunicação, tendo em atenção os diversos contextos e meios tecnológicos disponíveis.

III. Conteúdo Programático
                  1. Imprensa
1.1. A invenção e evolução da imprensa.
1.2. Revolução dos circuitos de produção e distribuição de jornais.
1.3. Reinventar o trabalho jornalístico.

2. Um novo meio: o jornal online – e um novo género jornalístico
2.1. Objectividade.
2.2. Credibilidade.
2.3. Adaptação da técnica jornalística ao jornalismo online.

3. A Rádio.
3.1. Uma nova forma de emitir conteúdos – as rádios digitais.
3.2. A presença da rádio em outros meios.

4. A Televisão.
4.1. A luta entre colossos televisivos pela aquisição de conteúdos.
4.2. A emergência do “tempo real”, modificações de programação e de metodologia jornalística.
4.3. Televisão interactiva.
4.4. Cabo, pay-per-view e vídeo on demand.
4.5. A convergência entre televisão e internet.

5. Os Blogs, Podcasts e Videocasts, como ferramentas de comunicação de massas.
5.1. Como um jornalista pode criar e gerir um blog [aula prática – será necessário o uso de computadores conectados a internet].
5.2. Habilidades multimédia para jornalistas.
5.3. Como escrever na Web 2.0.

6. A imposição da internet na área de todos os meios de comunicação tradicionais.
6.1. Jornalismo 2.0.

7. Tecnologias móveis.
7.1. Smartphone e jornalismo.
7.2. O aproveitamento de conteúdos moveis de cidadãos comuns, pelas grandes corporações jornalísticas.

8. Redes sociais.

9. Organizar eventos com suporte tecnológico e informacional.

10. Sociedade da informação.

11. Sociedade em rede.

12. Sociedade da comunicação.

13. Sociedade do Conhecimento.

14. Técnicas de comunicação.
14.1. Recolha e tratamento da informação.
14.2. Comunicação e Linguagem.
14.3. Caracterização das atitudes comunicacionais.
14.4. Linguagem não-verbal.
14.5. Entrevistas.
14.6. Condução de reuniões.

15. Ciberespaço, cibercultura e comunicação.

16. Inclusão digital.
16.1. Humanização das tecnologias de informação.

17. Fraudes na internet, Copyright e copyleft.
17.1. As responsabilidades dos profissionais de comunicação face ao imediatismo de publicação inerente a internet.
17.2. A ética e a deontologia jornalística

IV. METODOLOGIA
Serão utilizadas 6 principais metodologias, a fim de facilitar o ensino e aprendizagem, são elas:
1. Sessões Plenárias: exposição dos temas, chuva de ideias, esclarecimento de dúvidas, apresentação, debate e consolidação dos trabalhos de grupo.

2. Grupos de Trabalho: reflexão sobre os temas apresentados e resolução de exercícios com base na leitura e interpretação de textos de apoio e na experiência dos alunos.
Os grupos de trabalhos elaboraram Trabalhos Práticos, que poderão ser Orais e ou Escritos.

3. Dinâmicas de quebra-gelo: conjunto de actividades de motivação, reflexão e transmissão de conhecimentos, essencialmente, através de jogos e vídeos.

4. Visitas de campo: pretende-se efectuar visitas de campo em algumas instituições como o museu das telecomunicações, a TPA, RNA, Jornal de Angola, CNTI – Comissão Nacional das Tecnologias de Informação, um dos jornais privados, uma das rádios privadas e a Angolatelecom, com o objectivo de analisar as diferenças de tecnologias usadas ao longo dos tempos e as vantagens dos novos meios.

5. Avaliação: o sistema de avaliação será continuo e terá em conta: (i) participação directa ou indirecta do aluno nas aulas; (ii) resolução de exercícios de forma individual e ou em grupo; (iii) provas escritas e orais de avaliação com base no Regulamento existente na Universidade Independente de Angola.

6. Recursos: visualização/utilização de tarjetas, flip-chart, apresentações em PowerPoint, quadros, fascículos, livros e outros.

V. Calendário académico 2010

1.º Semestre
Etapas
Período/datas
Período de aulas
15 semanas 9 Mar. – 19 Jun.
1.ª Frequência semestral
1 semana 21 – 28 Jun.
Exames 1 semestre
1 semana 28 Jun. – 16 Jul.
Pausa inter-semestral/provas orais
1 semana 19 – 23 Jul.
Exames de recurso
1 semana 23 – 31 Jul.
2.º Semestre
Período de aulas
15 semanas 26 Jul. – 05 Nov.
2.ª Frequência semestral
2 semana 25 Out. – 06 Nov.
Pausa pedagógica
1 semana 08 – 12 Nov.
Exames 2 semestre
2 semana 15 – 27 Nov.
Provas orais
2 semana 29 Nov. – 11 Dez.
Exames de recurso
2 semana 13 – 23 Dez.
Publicação dos resultados dos exames de recursos
Até 23 Dez.
Ferias para docentes e não docentes
4 semana 24 Dez. – 24 Jan.



VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA DE BASE
  • FIRESTONE, Charles M. e ADLER, Richard P, A Conquista da atenção: A publicidade e as novas formas de comunicação, Grupo de Mídia de São Paulo, Nobel, São Paulo, 2002.
  • GILLMOR, Dan, Nós, os Medias, Editorial Presença, 1.ª edição, Lisboa, Janeiro, 2005.
  • GIBBONS, Barry, Comunicar com êxito, Porto Editora, Lisboa, 2007.
  • SCOTT, David Meerman, As novas regras de Marketing e Relações Públicas, Ideias de Ler, Porto Editora, Lisboa, 2008.
  • DEJAVITE, Fabia Angélica, INFOtenimento: Informação + entretenimento no jornalismo, SEPAC Paulinas, São Paulo, 2006.
  • BULIK, Linda, Na órbita da galáxia de Gutenberg, Communicare – Revista de Pesquisa da Faculdade de Comunicação Social Cásper Libero, Vol. 2 – n.º 2 – 2.º semestre 2002, pag. 27-34.
  • MONTEIRO, Ana Cristina et all, Fundamentos de Comunicação, Edições Sílabo, Lisboa, 2006, 1.ª edição.
  • MESQUITA, Mário, O quarto equivoco – o poder nas sociedades contemporâneas, MinervaCoimbra, Coimba, 2004, 2.ª edição revista.
  • SIMONETTI, Paulo Sérgio, A ética e as novas tecnologias de comunicação, São Paulo, USP/ECA, 1997.
  • FELINTO, Erick, Passando no labirinto – Ensaios sobre as tecnologias e as materialidades da comunicação, 1.ª ed., EDIPURS, Porto Alegre, Brasil, 2006.
  • LAROSE, Robert, STRAUBHAAR, Joseph, Comunicação, Mídia e Tecnologia, Thomson, São Paulo, 2004.
  • CARDOSO, Gustavo, A mídia na sociedade em Rede, FGV, 1.ª ed., Rio de Janeiro, 2007.
  • SQUIRRA, Sebastião, O Século Dourado: A Comunicação electrónica nos EUA, Summus Editorial, São Paulo, 1995.
  •  CEBRIÁN, Juan Luís, A rede: Como nossas vidas serão transformadas pelos novos meios de comunicação, Summus Editorial, São Paulo, 1998.




Obs: A bibliografia a ser usada nesta disciplina, nao se restringe as aqui indicadas.